A mosca é um insecto que pertence à ordem Diptera. É um dos artrópodes mais comuns em todo o planeta. Possui dois olhos compostos e uma peça bucal muito invulgar denominada probóscide. Para se alimentar, primeiramente, a mosca vomita sucos gástricos para o alimento, dissolvendo-o, tornando assim numa espécie de sopa que, de seguida é sugada pela probóscide. Este ser é responsável pela propagação de diversas doenças, ao contaminar alimentos através das bactérias que transporta nos seus membros.
Pouco depois de um animal morrer, começa a libertar certos odores para o ar. As moscas conseguem detectar esses odores a vários metros de distância. Quando pousam no cadáver do animal, para além de se alimentarem, depositam também os ovos debaixo da pele da carcaça. Dias mais tarde, os ovos eclodem, dando origem a pequenas larvas que começam a ingerir carne morta. Algumas semanas depois, as larvas já duplicaram de tamanho e estão prontas para entrar no estádio seguinte do seu ciclo de vida, o estado adulto. Para isso, as larvas envolvem-se num pequeno casulo denominado pupa, onde ocorre a metamorfose. Passado algum tempo, os adultos completamente desenvolvidos emergem dos casulos, prontos para se alimentarem e para se reproduzirem.
Dado que estas larvas só se alimentam de carne morta, começaram a ser utilizadas na medicina, mais precisamente, no tratamento de feridas. Quando alguém é gravemente ferido, deixando à superfície da pele uma úlcera, alguns tecidos ficam danificados e começam a decompor-se. Se estes tecidos, denominados tecidos necróticos não forem removidos, podem causar doenças graves, como por exemplo a gangrena.
Esta descoberta começou há cerca de 700 anos atrás pelos europeus que começaram a usar larvas de mosca para tratar feridas, e pensando no que ocorreu no passado investigadores da Universidade de Iorque no Reino Unido decidiram investigar se as larvas de moscas curavam feridas.
Estes investigadores começaram por estudar 267 pacientes com úlceras nas pernas, entre 2004 e 2007, no Reino Unido. Metade dos pacientes foram tratados com o gel usado habitualmente para as úlceras e a outra metade com larvas de moscas.
Estas larvas foram criadas em ambiente esterilizado e tinham o tamanho de um bago de arroz. Depois de criadas foram metidas numa bolsa com o tamanho de um pacote de chá e foram depositados nas feridas com ligaduras.
E assim concluíram que as larvas de mosca funcionam da mesma forma que o gel não valendo a pena utilizar as larvas como forma de tratamento onde existe o gel. Mas em países subdesenvolvidos onde o gel não existe como opção de tratamento as larvas podem surgir como solução para a cura de feridas, sendo que estas comem tecidos mortos.
Nicky Cullum, um dos autores do artigo e Professor na Universidade de Iorque, disse que a dor pode ter sido causada pelas enzimas segregadas pelas larvas. Isso pode ter atingido as terminações nervosas dos pacientes.
E Brem não ficou surpreendido que alguns médicos e pacientes tivessem recorrido à ajuda das larvas da mosca. "Estes são pacientes desesperados que podem ficar sem as pernas", lembrou. Alguns deles concordarão com qualquer coisa que possa ajudar".
Elas foram usadas, segundo relatos, no século XIV para tratar feridas e os médicos militares também recorreram a elas no século XVIII.
As larvas foram utilizadas para este fim até ao final dos anos 1930 mas caíram em desuso com o acesso generalizado aos antibióticos e à cirurgia depois da II Guerra Mundial.
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