10 de março de 2011

Abelha (Apis mellifera)

A abelha é um insecto social, parente das vespas e das formigas. Existem diversas espécies de abelhas, sendo que a mais conhecida é a Apis mellifera. Esta espécie em particular, originária da Europa e da Ásia, é criada em larga escala para produzir mel e cera.
Este insecto vive em grupos familiares enormes, que são constituídos por uma rainha, cerca de 400 zangões e milhares de operárias. Cada categoria hierárquica tem uma função específica, como por exemplo: a rainha põe ovos; os zangões fertilizam os ovos; e as operárias recolhem néctar, cuidam das larvas e constroem as colmeias.
Só os zangões são machos, sendo as operárias fêmeas inférteis, ou seja, não põem ovos, e a rainha, que é a única fêmea fértil da colónia.
Uma das características mais apreciadas nas abelhas é o facto de produzirem mel e cera. A produção de cera é destinada à construção da colmeia, enquanto a produção de mel é destinada à alimentação. Para se produzir um quilo de mel é necessário néctar de cerca de 5 milhões de flores, sendo que uma colónia pode produzir cerca de 300 quilogramas de mel. Devido a ¨*esta característica, o Homem tem vindo a criar em cativeiro estes animais, retirando o nutritivo mel, para o seu consumo.
Pelo contrário, uma das características menos apreciadas nas abelhas é a seu método de defesa. As operárias possuem um ferrão venenoso localizado na parte posterior do abdómen. Quando estas abelhas sentem que a sua colónia está a ser invadida ou destruída, voam até ao intruso e picam-no. Quando isto acontece, o ferrão fica alojado na pele, devido ao ferrão estar repleto de pequenas farpas. O ferrão pode permanecer na pele durante horas, estando continuamente a bombear veneno para a corrente sanguínea do intruso. Dois dias depois da ferroada, a abelha operária acaba por morrer.
Quando a abelha pica um humano, a zona onde ocorre a picada fica muito inchada e avermelhada, podendo ser muito dolorosa, sendo que em alguns casos a dor pode ser semelhante a um choque de alta voltagem. Quando uma pessoa alérgica ao veneno de abelha é picada inúmeras vezes pode desmaiar ou até mesmo morrer.
Segundo uma crença popular, uma pessoa que tenha artrite pode melhorar consideravelmente se realizar um tratamento com picadas de abelhas. Este tratamento não está cientificamente provado, daí alguns médicos estarem a tentar descobrir qual a substância presente no veneno de abelha que alivia a artrite.
Os médicos estão com dúvidas quanto a esta crença, contudo decidiram investigar e tiveram resultados algo surpreendentes. De facto, o veneno das abelhas pode estar relacionado com a diminuição da dor provocada pela artrite.  
Estudos recentes mostram que a inflamação causada pelo veneno da abelha faz aumentar o nível de uma substância denominada glicocorticoide, fazendo com que a artrite fosse atenuada.
Ultimamente, alguns investigadores norte-americanos, descobriram que o veneno da abelha pode mesmo combater o cancro.

Axolotl (Ambystoma mexicanum)

O axolotl  é uma espécie de salamandra proveniente do México, onde habita  nos lagos Xochilmilco e Chalco. Esta espécie possui uma característica rara entre todos os anfíbios, a neotenia, isto significa que o axolotl pode se reproduzir sem sofrer uma metamorfose. Este anfíbio possui uma capacidade única entre os vertebrados, a completa regeneração de membros e órgãos. O axolotl consegue regenerar completamente as patas, as guelras, os olhos, as maxilas, o cérebro, a espinha dorsal e até mesmo o coração, em poucas semanas. Quando é amputado, os vasos sanguíneos que rodeiam a ferida contraem-se impedindo as hemorragias. De seguida forma-se o blastema, um conjunto de células estaminais, no local da ferida. Por fim, as células estaminais duplicam-se e vão se diferenciando, formando assim a nova parte do corpo, completamente funcional. Os axolotls conseguem regenerar a mesma parte do corpo muitas vezes durante a sua vida.
Hoje em dia há cientistas que querem aproveitar esta fantástica capacidade de regeneração do axolotl para curar lesões em humanos, como por exemplo grandes feridas infectadas. Para isso, esta salamandra está a ser reproduzida e estudada em laboratório e talvez num futuro próximo o axolotl nos poderá dar o segredo da regeneração completa de membros aos seres humanos.
Apesar dos benefícios que este anfíbio pode trazer á humanidade, o habitat natural destes animais está a ser poluído e invadido por espécies exóticas, o que pode por em risco a sobrevivência da espécie. Consequentemente a sua utilização para fins medicinais poderá estar comprometida.

Cascavel (género Crolatus e Sistrurus)

O nome cascavel designa todas as cobras venenosas do género Crotalus e Sistrurus. Pertencem à família das víboras, possuindo, por isso, grandes presas inoculadoras de veneno. Estes dois géneros de cobras possuem um chocalho característico que serve para avisar os animais de grande porte da sua presença, evitando assim o confronto e os perigos que para elas estes animais representam. Este chocalho é formado a partir de restos da sua pele. Como todas as cobras, a cascavel precisa de mudar de pele para crescer, no entanto, a pele velha fica retida na sua cauda, formando o chocalho.
É uma cobra grossa e com uma cabeça pequena, que atinge em média 1,5 metros de comprimento. Tem uma cor acastanhada, com uma série de losangos presentes no seu dorso, permitindo assim, a sua camuflagem. Vive principalmente em regiões áridas e rochosas, podendo também viver em campos de erva rasteira.
Nas regiões onde vive, durante o dia, as temperaturas são elevadas, por isso, a cascavel opta por estar mais activa no período nocturno. Durante a noite, a cascavel esconde-se perto de trilhos de roedores, que são a sua principal presa. Como de noite, a visibilidade é nula, estra cobra não consegue ver os roedores a aproximar-se, utilizando assim o olfacto e uns orgãos especiais localizados perto das narinas (fossetas loreais) que detectam diferenças de temperatura no seu meio ambiente. Como os roedores são endotérmicos, a sua temperatura é superior à temperatura ambiente, permitindo à cascavel detectar a sua presença.
Quando a cascavel morde, contrai os músculos que rodeiam as suas glândulas de veneno, fazendo com que este seja obrigado a sair pelas suas presas, que funcionam como agulhas das seringas, injectando o veneno na corrente sanguínea. Tal como o veneno da maioria das víboras, o veneno da cascavel é hemotóxico, destruindo as hemácias presentes no sangue, causando assim hemorragias internas. Caso a cascavel morda uma presa, como por exemplo um roedor, causa a morte do animal em poucos minutos e, caso morda um humano, pode levar a série lesões na região da mordedura. Problema que, caso não seja tratado atempadamente, permite que o veneno se espalhe pelo corpo da vitima, podendo causar a morte.
O veneno da cascavel está hoje em dia a ser estudado para verificar se existe alguma substância na sua constituição benéfica para a humanidade. Recentemente, descobriu-se uma toxina presente neste veneno chamada crotamina que tem funções de tónico muscular. Existem mais algumas substâncias no veneno, que isoladas, podem servir de analgésicos e anti-tumores.

Conus (Conus magus)

O Conus é um molusco gastrópode marinho que vive no Oceano Índico e Pacífico. Uma curiosidade acerca deste invertrebado é o facto de ser extremamente venenoso, sendo que o seu veneno contém uma mistura de várias toxinas denominadas conotoxinas. Estes animais passam muito tempo debaixo das rochas, nas poças da maré baixa. Quando detectam uma presa, que costuma ser peixe, localizam-na através do seu olfacto apurado e, quando chegam suficientemente perto, lançam um arpão saturado em veneno, de modo a imobilizar a presa. Neste arpão há cerca de 20 a 30 dentes ocos, cada um deles carregado com veneno. Este arpão é lançado através do probóscide, que faz parte do aparelho bucal do conus.
Muitas pessoas, enquanto passeiam na praia, acham graça às conchas coloridas dos conus e, quando pegam nestes animais são picadas, sendo que muitas destas morrem antes de chegarem ao hospital. O veneno do conus causa paragem cardíaca e respiratória.
O veneno de uma espécie de conus, Conus magus, tem potencial para ser um aliviador de dor 1000 vezes mais potente que a morfina, sem causar qualquer vício associado ao consumo contínuo.

Escorpião (Leiurus quinquestriatus)

O escorpião é um artrópode da classe dos aracnídeos, ou seja, é parente das aranhas. Este animal surgiu há cerca de 400 milhões de anos, sendo que foram os primeiros animais a conquistar o ambiente terrestre. Hoje em dia existem mais de 1600 espécies de escorpiões, que estão distribuídas por todo o mundo, excepto os continentes gelados e a Nova Zelândia. Estes animais podem ser encontrados em florestas, desertos e até mesmo nas lixeiras das nossas cidades. Os escorpiões conseguem sobreviver a grandes amplitudes térmicas, da ordem dos 40oC. Estes invertebrados são carnívoros, alimentando-se principalmente de insectos e pequenos vertebrados, podendo ser canibais quando escasseia o alimento. Quando capturam uma presa, primeiro o escorpião imobiliza-a utilizando as pinças, sendo que de seguida é aplicada a ferroada venenosa através do aguilhão. O veneno deste invertebrado contém neurotoxinas e enzimas. As neurotoxinas fazem com que o sistema nervoso da presa deixe de funcionar e as enzimas começam a digerir a presa de dentro para fora. Por fim, o escorpião começa a alimentar-se da presa. Os escorpiões, como a maioria dos restantes aracnídeos, não conseguem consumir alimentos sólidos, por isso, têm de liquidificar as suas presas. Daí este invertebrado absorver toda a matéria orgânica liquidificada através das suas quelíceras, não consumindo a matéria sólida como os ossos, os pêlos e os exoesqueletos. Apesar do seu veneno, os escorpiões são presas de vários animais, como sapos, lagartos e pequenos mamíferos insectívoros.
Alguns cientistas americanos estão a testar uma certa substância que esta presente no veneno do escorpião Leiurus quinquestriatus para tratar o cancro cerebral. Esta substância, conhecida como TM601, um péptido presente nas neurotoxinas do veneno deste invertebrado que habita no Médio Oriente. Este péptido não é tóxico, e liga-se a receptores apenas encontrados em células cancerígenas. Foram realizadas experiências em laboratório em que o TM601 se ligou a receptores de células cancerígenas localizadas nos tecidos dos pulmões, da pele, do cérebro e das mamas, deixando as células normais intactas.

Monstro de Gila (Heloderma suspectum)

O monstro de gila habita normalmente regiões desérticas no sudoeste americano e no deserto do México, sendo que é um dos poucos lagartos venenosos no mundo inteiro.
Este animal passa a maior parte da vida a hibernar no subsolo, só saindo para se alimentar durante a Primavera, armazenando gordura na cauda. Alimenta-se principalmente de pequena aves, outros répteis, roedores, ovos e animais recém-nascidos. Possui uma coloração muito característica, avisando os possíveis predadores de que é venenoso. Tal como as serpentes, detecta as suas presas através do olfacto.
No final do século XX, investigadores na área das diabetes detectaram a presença, no organismo do monstro de gila, uma hormona denominada exendina-4, que actua de forma semelhante à hormona digestiva humana, de nome GLP-1. A hormona exendina-4 permanece mais tempo no organismo do que a GLP-1, facilitando assim o controlo da quantidade de glicose no organismo, o que altera o desenvolvimento da diabetes tipo-2.
Esta descoberta permitiu a criação de uma versão artificial da hormona deste réptil, a que se deu o nome de exenatida, que entrou para a constituição de um medicamento lançado no mercado farmacêutico em 2005. Desde aí, mais de um milhão de diabéticos beneficiou do produto.

Mosca - doméstica (Musca domestica)

A mosca é um insecto que pertence à ordem Diptera. É um dos artrópodes mais comuns em todo o planeta. Possui dois olhos compostos e uma peça bucal muito invulgar denominada probóscide. Para se alimentar, primeiramente, a mosca vomita sucos gástricos para o alimento, dissolvendo-o, tornando assim numa espécie de sopa que, de seguida é sugada pela probóscide. Este ser é responsável pela propagação de diversas doenças, ao contaminar alimentos através das bactérias que transporta nos seus membros.
Pouco depois de um animal morrer, começa a libertar certos odores para o ar. As moscas conseguem detectar esses odores a vários metros de distância. Quando pousam no cadáver do animal, para além de se alimentarem, depositam também os ovos debaixo da pele da carcaça. Dias mais tarde, os ovos eclodem, dando origem a pequenas larvas que começam a ingerir carne morta. Algumas semanas depois, as larvas já duplicaram de tamanho e estão prontas para entrar no estádio seguinte do seu ciclo de vida, o estado adulto. Para isso, as larvas envolvem-se num pequeno casulo denominado pupa, onde ocorre a metamorfose. Passado algum tempo, os adultos completamente desenvolvidos emergem dos casulos, prontos para se alimentarem e para se reproduzirem.
Dado que estas larvas só se alimentam de carne morta, começaram a ser utilizadas na medicina, mais precisamente, no tratamento de feridas. Quando alguém é gravemente ferido, deixando à superfície da pele uma úlcera, alguns tecidos ficam danificados e começam a decompor-se. Se estes tecidos, denominados tecidos necróticos não forem removidos, podem causar doenças graves, como por exemplo a gangrena.
Esta descoberta começou há cerca de 700 anos atrás pelos europeus que começaram a usar larvas de mosca para tratar feridas, e pensando no que ocorreu no passado investigadores da Universidade de Iorque no Reino Unido decidiram investigar se as larvas de moscas curavam feridas.
Estes investigadores começaram por estudar 267 pacientes com úlceras nas pernas, entre 2004 e 2007, no Reino Unido. Metade dos pacientes foram tratados com o gel usado habitualmente para as úlceras e a outra metade com larvas de moscas.
Estas larvas foram criadas em ambiente esterilizado e tinham o tamanho de um bago de arroz. Depois de criadas foram metidas numa bolsa com o tamanho de um pacote de chá e foram depositados nas feridas com ligaduras.
Os investigadores observaram que todas as feridas dos 267 pacientes recuperaram por completo no mesmo intervalo de tempo, mas os pacientes que foram curados com larvas de mosca tiveram mais dores durante o processo de recuperação.
E assim concluíram que as larvas de mosca funcionam da mesma forma que o gel não valendo a pena utilizar as larvas como forma de tratamento onde existe o gel. Mas em países subdesenvolvidos onde o gel não existe como opção de tratamento as larvas podem surgir como solução para a cura de feridas, sendo que estas comem tecidos mortos.
Nicky Cullum, um dos autores do artigo e Professor na Universidade de Iorque, disse que a dor pode ter sido causada pelas enzimas segregadas pelas larvas. Isso pode ter atingido as terminações nervosas dos pacientes.
E Brem não ficou surpreendido que alguns médicos e pacientes tivessem recorrido à ajuda das larvas da mosca. "Estes são pacientes desesperados que podem ficar sem as pernas", lembrou. Alguns deles concordarão com qualquer coisa que possa ajudar".
Elas foram usadas, segundo relatos, no século XIV para tratar feridas e os médicos militares também recorreram a elas no século XVIII.  
As larvas foram utilizadas para este fim até ao final dos anos 1930 mas caíram em desuso com o acesso generalizado aos antibióticos e à cirurgia depois da II Guerra Mundial.

Sanguessugas (Classe Hirudinea)

As sanguessugas são invertebrados que pertencem à família dos anelídeos, ou seja, são “primas” das minhocas. Existem mais de 300 espécies de sanguessugas, sendo que a mais usada para fins medicinais é a Hirudo medicinalis.
Este anelídeo vive, geralmente em lagos, lagoas e rios calmos. No entanto existem algumas espécies que conseguem habitar em águas salgadas e em lama. Em algumas zonas tropicais, existe uma espécie de sanguessuga que habita nas árvores, lançando-se sobre as presas.
Tal como o seu nome indica, a maioria das espécies de sanguessugas, alimenta-se de sangue, sendo que algumas delas podem consumir insectos, larvas, caramujos e vermes.
Quando as sanguessugas hematófagas, ou seja, as sanguessugas que se alimentam de sangue, detectam um potencial hospedeiro, saem dos seus esconderijos subaquáticos e prendem-se ao hospedeiro através das suas ventosas (uma que se situa na boca e outra que se situa na zona ventral). Quando a sanguessuga começa a alimentar-se liberta para a corrente sanguínea do hospedeiro a sua saliva que contem substâncias anticoagulantes, que impedem a formação de coágulos, mantendo um bom fluxo sanguíneo em redor da ferida provocada por este animal. Durante a sua alimentação, a sanguessuga pode ingerir uma quantidade dez vezes superior ao seu volume inicial.
Antigamente, as sanguessugas eram utilizadas na medicina oriental, como por exemplo na medicina tradicional chinesa. Hoje em dia, nas intervenções cirúrgicas é necessária a utilização de anticoagulantes para estancar hemorragias, prevenindo assim a perda de sangue durante as operações. Ultimamente, os investigadores descobriram que, em vez de se utilizarem anticoagulantes artificiais, pode-se utilizar os anticoagulantes presentes na saliva da sanguessuga nas intervenções cirúrgicas. Alguns químicos presentes na complexa saliva deste anelídeo, podem ainda ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo de pessoas com problemas circulatórios.
A terapia com sanguessugas ajuda em casos de:

  • dores de cabeça e enxaqueca
  • sinusite
  • neuralgias
  • hematomas (a forma clássica de usá-los)
  • ulceras varicosas
  • pressão alta
  • asma e bronquite
  • inflamações e furúnculos
  • reumatismo, gota, artrite
  • herpes-Zoster
  • doenças por fungos
  • defesa imunológica enfraquecida
  • doenças do fígado
  • doenças do ouvido
  • depressão
  • problemas pós cirúrgicos
  • problemas na menopausa
É desaconselhado aplicar sanguessugas quando o doente é hemofílico, anémico ou raquítico. Também se aconselha muito cuidado quando o doente toma medicamentos que contenham mercúrio.